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EXPURGO

Enterrei Édipo no jardim e agora estou pronto para algo mais pop

pesquisa

A tragédia nasce quando se começa a olhar o mito
com o olhar do cidadão.


Jean-Pierre Vernant

 

EXPURGO - Enterrei Édipo no jardim e agora estou pronto para algo mais pop é o segundo trabalho de Ophélia Trava, dando continuidade à pesquisa iniciada em Hamlet - Faltei no psiquiatra para consertar o freezer. Mais uma vez, o coletivo se propõe a estabelecer um espaço de encontro entre o clássico e o contemporâneo, entre princípios trágicos da dramaturgia clássica e a prática voltada ao ator que se entende como cidadão. No reexame da tragédia se coloca a questão do cidadão e a necessidade de recontar o mito a partir do seu olhar. Não há tragédia sem a presença política daquele que recontextualiza o mito a partir de sua própria trajetória e experiência como cidadão. Entendendo isso, o espetáculo coloca a tragédia no lugar em que lhe é inerente: o de encontro e debate. É preciso que a tragédia nasça pelos cidadãos e não para os cidadãos.

 

Se em Hamlet o princípio norteador da criação é a DESMEDIDA, em Expurgo o coletivo parte de outro momento da tragédia: o EXPURGO, ou o momento de exílio do herói, após seu erro. Em processo de criação coletiva, o processo se deu a partir da escolha de mitos da literatura trágica. A obra se desenha a partir do olhar e da releitura desse coletivo para as seguintes figuras da mitologia greco-romana: Cassandra, Sísifo, Eros, Pandora, Helena, Clitemnestra, Medéia e Ifigênia.

Remetendo ao ambiente urbano e caótico das grandes cidades a ação ocorre dentro de um bar “underground” cuja função é reabilitar as figuras citadas para o convívio social, sejam quais forem seus crimes ou erros trágicos. A escolha de um lugar incomum para reabilitação se dá para reafirmar o pensamento da peça de que os mecanismos de normatização e domesticação – que são o foco de pesquisa da obra – não estão mais fechados em tribunais ou clínicas, mas já foram assimilados ao convívio social.

Dessa fricção entre figuras das tragédias gregas em um espaço pop da vida urbana contemporânea surge uma obra repleta de ironias numa busca de compreender o sentimento trágico pelo exagero, pelo acúmulo de informações, de luzes, de ações concomitantes, de corpos que não param de dançar nunca, que se trombam.

 

O espetáculo  se estrutura a partir dos princípios das encenações  das tragédias gregas: a dança, o canto e a representação. Deste modo, a cena é criada tendo esses três princípios acontecendo ao mesmo tempo. Tomando por base o tema do EXPURGO, o espetáculo é todo construído a partir da composição em tempo presente de movimentos intensos, explosivos e expurgatórios.

Os corpos dos nove atores são colocados em um área de atuação pequena na qual tem de dançar ininterruptamente do início ao fim da obra, mesclando isso aos momentos com textos. Todos os textos, também ditos ininterruptamente em um microfone-palanque, são direcionados ao público, de modo que o caráter de confissão que cabe à dramaturgia fica completamente explícito.

 

O EXPURGO,  como diversos conceitos utilizados nas tragédias, é intencionalmente ambíguo. “Expurgar” remete tanto à liberação das pulsões e à limpeza do que é nocivo ao indivíduo ou coletivo, quanto a um termo jurídico que significa banir do convívio social aquele que é perigoso,  ou que está em desacordo com a Pólis - é exilar, corrigir, emendar. Nessa fricção entre a liberdade  e a punição que se encontra o questionamento principal do espetáculo.

 

sinopse

Sinopse

Nove figuras das tragédias gregas se encontram todas as noites no BAR EXPURGO. Eles são culpados de seus erros e precisam se confessar. O som é alto e bom e a luz NEON. Um bar onde pode tudo, só não pode timidez. Apos a chegada de todos, as portas são trancadas e tem início a HORA DO EXPURGO. Uma dança frenética toma conta do espaço. Cassandra, Sísifo, Eros, Pandora, Helena, Clitemnestra, Medeia, Ifigênia e uma mulher desconhecida de vestido preto. Todos eles são culpados. Um bar onde pode tudo, só não pode sair sem se confessar. Os juízes deste tribunal em festa é o próprio público. Um bar onde pode tudo, só não pode sair sem pagar. A perda da comanda implica no comprometimento de seis gerações de sua família.

 

Ophélia Trava

coletivo

Quem integra

Ophélia Trava reuniu em seu segundo trabalho:

 

Atores | Aline Alves, Carla Zanini, Carol Braga, Felipe Rocha, Giulia Confuorto, Marcus Vinícius, Marô Zamaro, Mateus Fávero, Naia Soares, Marina Merlino, Natália Campanella

 

Sonoplastia | Francisco Lauridsen Ribeiro

 

Figurino e Caracterização | Júlio Barga

 

Colaboradores | Brendo Torlesi, Evandro Pimentel

 

Direção | Felipe Rocha

fotos

Fotos

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